Nesta casa no bairro Alto da Boa Vista, na metrópole de São Paulo, longe do centro da cidade e com seus 535m², a calmaria está presente na simbiose entre as áreas internas e externas dos volumes que a formam.
O programa de necessidades era uma casa para uma cliente com dois filhos pequenos, que contemplasse espaços integrados, incluindo piscina, sauna e varanda de lazer, além de espaço para brincar, um atelier e sala de televisão que poderia funcionar esporadicamente como quarto de hóspedes, mais reservados. A cliente – que havia morado em Nova York – trazia no repertório o desejo de um visual mais industrial, sem perder a conexão com o natural do entorno e com eixos visuais amplos e marcados, razão pela qual procurou o Estúdio.
O terreno de 900m² era desafiador – bem comprido e com declive de 2m – tendo como partido arquitetônico adotado a integração com o jardim do entorno, o ponto de partida a adoção de um telhado inclinado face noroeste, permitindo entrada de luz no quartos, banheiros, espaço de brincar e área social, e que no restante do dia não tivesse incidência direta de sol nestes ambientes. O programa foi distribuído em dois blocos unidos pelo telhado inclinado e com o pé-direito duplo na união entre eles. No bloco da frente, o térreo destina-se as áreas de serviço e atelier (sendo a parte social da casa toda voltada para fundo e laterais do terreno), e no superior o quarto de brincar. No bloco dos fundos, o térreo engloba a área de estar e varanda, e no superior os quartos e escritório. A conexão entre os blocos na parte de cima é através de uma passarela que permite contemplar o pé-direito duplo dos blocos integrados e um visual com grandes caixilhos de piso a teto de ambos os lados.
A adoção de um dos recuos laterais maior do que o previsto pela legislação – explorado como um grande jardim com os espaços sociais, cozinha e quartos voltados para ele – permitiu uma integração maior entre interno e externo.
Na área social, as grandes portas de correr – quando abertas – de alumínio (material que possibilitou grandes panos de vidro) permitem que esta transição sensorial entre dentro e fora seja quase imperceptível. Para o restante da casa foi adotado caixilho de ferro tipo industrial, sendo utilizado nos quartos, banheiros e na lateral de acesso social da casa, que funciona como uma circulação que conecta todo o conjunto.
Os caixilhos, as tubulações e estruturas aparentes reforçam o visual industrial e estilo explorado pelo Estúdio, tendo a madeira – utilizada tanto no forro quanto em elementos pontuais como portas, piso, escada e corrimão – o papel de contribuir para o aconchego dos ambientes. O uso de peças garimpadas como as luminárias da sala de jantar com pé-direito duplo e os montantes da escada e guarda-corpo, além do aconchego também trazem a delicadeza e estímulo de um olhar mais detalhado ao local, contrapondo com as grandes dimensões e amplitude dos espaços. A casa é um projeto que nasceu para se integrar com o entorno e consigo mesma, explorando a atmosfera voltada para a natureza, que é umas das grandes características deste bairro paulistano.
Alto da Boa Vista / São Paulo / SP
LOCALIZAÇÃO
2014
ANO DE PROJETO
808,14 m²
ÁREA
Vitor Penha
Veronica Molina
Guto Vicentainer
Bianca Sinisgalli
EQUIPE
Minuano Engenharia
EXECUÇÃO DA OBRA
Maira Acayaba
FOTOS