












Viva, palavra que compõe o nome Viva Bakery, foi tida neste projeto de ampliação da sede da empresa na conotação ligada ao verbo viver. Tanto no que diz respeito ao cotidiano do trabalho, dando-se o suporte para o desenvolvimento não apenas preciso mas também inventivo do mesmo, quanto no relacionamento da marca com o público – convidado, assim, a vivenciar a atmosfera do inteiro ciclo da elaboração e produção dos alimentos. Mais do que a tradução estética da cultura da empresa, portanto, a arquitetura penetra, atribuindo significado, nos ritos e momentos do seu dia a dia.
O ponto de partida do projeto foi a necessidade de expandir a área de produção, já originalmente conectada a um ambiente para atendimento e acolhimento ao cliente. Tal núcleo está alocado no trecho frontal de uma propriedade outrora utilizada como oficina para a reparação de automóveis, composta ainda por uma edícula nos fundos, acessível através de um corredor lateral. A aquisição do conjunto pelos proprietários motivou a expansão de que trata o projeto.
Mantendo-se o núcleo original e o princípio que o caracteriza, de franca interação da produção com o público, o partido arquitetônico foi o da criação de um ponto central no amplo lote, que, com seu conceito de pátio-jardim, simboliza a ambiência acolhedora e descontraída que interessa ao projeto. A ideia foi circundar o pátio com os novos ambientes da produção, ampliada, mediando ambos os domínios através do estar à disposição dos clientes.
A totalidade dessa área de expansão é definida pela presença de um telhado de duas águas, cuja estrutura metálica (pintada de verde assim como as esquadrias do núcleo original da Viva Bakery) menciona a linguagem industrial da atividade desenvolvida anteriormente no local. A abertura central (envidraçada) em uma das laterais da cobertura sinaliza a presença do pátio-jardim, cuja delimitação com caixilhos metálicos envidraçados conforma uma fachada interna que explicita o conceito motivador do projeto: de entrosamento do público (área para clientes) com a esfera privada (a produção) da empresa.
A farta luminosidade natural dos interiores, resultante do envidraçamento dos caixilhos e da iluminação zenital predominante, convida à permanência no espaço, amparada pela paleta de materiais e acabamentos, inspirada na arquitetura anônima urbana, doméstica. Caquinhos de cerâmica verde, assim, recobrem as vedações dos fechamentos superiores das paredes que contornam a produção, organizada em planta na forma de U, e o inteiro piso é uma laje de concreto aparente, lixada, da qual se entrevêem os agregados minerais. Cerâmica quadrada, de garimpo, aplicada em balcões e paredes, mobiliário ora metálico ora de madeira, por vezes na cor verde, a alternância de vidro transparente com vidro translúcido especialmente concebida para enquadrar as visuais de interesse e as instalações técnicas, aparentes, complementam a linguagem estética do projeto.
Sobrepõe-se, então, a ambiência aconchegante derivada do desenho da cobertura e da proporcionalidade dos pés-direitos resultantes, bem como do tão preciso, quanto sensível, detalhamento das “fachadas” internas do projeto. As suas aberturas enquadram, com a linearidade da forma e a cor verde da caixilharia, os planos de trabalho, destacando, assim, o zelo na produção daquilo que é comercializado e consumido no local.
R. dos Bambus, 1399 - Jardim Gloria - Americana - SP
LOCALIZAÇÃO
2024
ANO DE PROJETO
370 m²
ÁREA
Veronica Molina
Giuliana Bello
Bianca Sinisgalli
Luisa Oliveira
Juliana Jacobovitz
EQUIPE
Bassette Engenharia e Arquitetura
EXECUÇÃO DA OBRA
Alexandre Disaro
FOTOS